Enquete da CBIC aponta a dificuldade em contratar profissionais qualificados. De acordo com a amostra, 7 em cada 10 construtoras sofrem com a escassez de mão de obra
Matéria publicada originalmente por Ana Paula Branco, Folha de S. Paulo – A construção civil enfrenta o risco de um apagão nesse ano e no próximo por falta de mão de obra qualificada. O setor, que em 2010 tinha 3,2 milhões de empregados diretos no país e mais de 10 milhões em toda a cadeia, hoje conta com 2,7 milhões de trabalhadores em um momento de alta demanda imobiliária.
Essa escassez de mão de obra qualificada também impacta diretamente nos custos de construção. Com poucos profissionais especializados, o valor da hora trabalhada aumenta, elevando o custo final das obras. Isso significa que o custo de um profissional mais experiente é repassado para o preço do metro quadrado, afetando o valor final dos imóveis e chegando até o consumidor.
O setor tem feito uma força tarefa para reverter o cenário, enquanto empreiteiras e construtoras disputam os profissionais nos canteiros.
Enquete da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) com 800 empresas, realizada em maio de 2023, já apontava a dificuldade em contratar profissionais qualificados. De acordo com a amostra, 7 em cada 10 construtoras sofrem com a escassez.
Seja na obra ou no escritório, o desafio de atrair e reter bons profissionais tem sido uma dor universal no segmento. “A pesquisa da CBIC evidencia o tamanho do desafio enfrentado pelas construtoras e que também sentimos no dia a dia quando somos contratados por elas para buscar profissionais especializados”, diz Claudia Domingos,
Head do LigaJobs, consultoria de RH especializada no setor da construção civil.
“Nos últimos meses, temos visto uma considerável diminuição na quantidade de profissionais interessados nas vagas publicadas. Com isso, temos necessidade de abordar ativamente profissionais atualmente empregados e tentar atrair para as oportunidades. O que nem sempre é fácil.”, complementa Claudia Domingos.
Novas gerações não enxergam seu futuro como trabalhadores do setor e profissionais mais antigos migram para outras áreas ou para a atividade autônoma em busca de melhores condições de trabalho.
Faltam pedreiros, carpinteiros, eletricistas, engenheiros e mestres de obra. Um levantamento do Sintracon-SP indica que há uma carência de 30 mil profissionais no mercado imobiliário de São Paulo.
“Os filhos de mestres de obra, pedreiros, carpinteiros não querem mais seguir os passos dos pais. Trabalhar na construção civil no Brasil exige grande esforço físico, ficar embaixo de sol e chuva e os jovens já não estão interessados nesse tipo de carreira, já que existem profissões que exigem menos e remuneram praticamente da mesma forma. Ser motorista de aplicativo ou entregador talvez seja mais interessante.”, comenta Claudia Domingos.
Com mais de 70% das construtoras e incorporadoras sentindo essa dificuldade na prática, existe nos bastidores até uma corrida entre as prefeituras para ver quem consegue executar sua obra primeiro, uma vez que os profissionais disponíveis no mercado são os mesmos.
O resultado disso? O custo de mão de obra vai ficando cada vez maior.
E se engana quem pensa que o fenômeno é exclusivo do Brasil. Na verdade, mundialmente o tema é debatido e soluções são sugeridas para encarar o desafio.
A escassez de mão de obra qualificada na construção não é um desafio exclusivo do Brasil. Em Portugal, há 70 mil posições disponíveis, e na Espanha, esse número ultrapassa os 700 mil. No Reino Unido, o governo britânico relaxou as regras de visto para pedreiros, carpinteiros, reparadores de telhados e gesseiros estrangeiros para enfrentar a crise.
Conheça o seu parceiro estratégico de RH na construção
Em atividade desde 2019, o LigaJobs é uma das unidades de negócios da Construliga e, como uma consultoria especializada em construção civil, é o parceiro estratégico de RH para a empresas desse setor, unindo conhecimentos técnicos da área de Recursos Humanos e o entendimento da cadeia da construção civil.
Assessora pequenas, médias e grandes empresas para fazerem a gestão de pessoas e de recursos humanos de forma otimizada focando em retenção de talentos.