Por que o setor da construção precisa falar sobre saúde masculina o ano todo?
- Blog do Jobs

- 11 de nov.
- 3 min de leitura
Um setor com cerca de 90% da força de trabalho composta por homens precisa tratar saúde masculina como prioridade organizacional, não como campanha pontual.

A construção civil brasileira continua sendo majoritariamente masculina. Entre os formais, apenas 9,2% são mulheres, o que indica um universo de aproximadamente 90,8% de homens nas equipes do setor.
Esse dado, por si, muda a régua do que empresas precisam priorizar em saúde corporativa. Se a base é masculina, as políticas de cuidado e prevenção têm de dialogar com a realidade e os riscos desse público.
Novembro Azul é uma porta de entrada para o tema, mas não se esgota no câncer de próstata. Ainda assim, convém lembrar a dimensão do problema: o INCA estima 71.730 novos casos por ano no Brasil no triênio 2023 a 2025, o que dá a medida da relevância do rastreio oportuno e do acompanhamento médico regular.
A conversa precisa ir além da oncologia. Homens vivem menos que mulheres nas Américas, em média 5,8 anos, e parte disso se explica por padrões comportamentais e culturais que reduzem a adesão à prevenção e estimulam a busca por riscos.
Traduzindo para o ambiente de trabalho: adiar consultas, automedicar-se, negligenciar sinais de estresse e ignorar check-ups não é exceção, é padrão. Políticas corporativas que não enfrentam essas barreiras culturais têm baixo impacto.
Outro eixo incontornável é saúde mental. Benefícios por incapacidade temporária ligados a transtornos mentais mais do que dobraram no biênio recente no Brasil, somando 472 mil licenças.
Em termos de operação, isso significa absenteísmo, quebra de ritmo e custos assistenciais crescentes. Em termos humanos, significa sofrimento silencioso.
Empresas que tratam o tema só na crise perdem a chance de atuar onde realmente importa: prevenção, clima e desenho do trabalho.
O que esse contexto significa para as empresas da construção?
Mapear riscos por perfil e função. Canteiro, obra itinerante e base administrativa têm exposições diferentes. Defina pacotes de prevenção e comunicação por persona, não um único folder para todos.
Sair do “mês da campanha” e instituir rotinas. Check-ups anuais custeados ou coparticipados para homens a partir de faixas etárias de risco, com metas de adesão por unidade e acompanhamento de indicadores de retorno ao trabalho.
Reduzir barreiras de acesso. Convênios com clínicas móveis em obra, janelas de horário para exames sem desconto no ponto e reembolso simplificado aumentam adesão.
Comunicação que conversa com homens. Linguagem direta, dados objetivos, depoimentos de lideranças e colegas funcionam melhor que apelos genéricos. Use multiplicadores de segurança e mestres como porta-vozes.
Saúde mental como sistema, não ação isolada. Treine líderes para reconhecer sinais, estabeleça fluxos de acolhimento e confidencialidade, crie políticas claras de pausa e desconexão e mensure clima periodicamente com surveys anônimos.
Gestão de carga e jornada. Prevenção não prospera onde há cronograma irreal e acúmulo de turnos. Rever planejamento e recursos é política de saúde na prática.
Indicadores que importam. Acompanhe adesão a exames, tempo de espera para consultas, afastamentos por CID oncológico e mental, taxa de retorno e satisfação do colaborador. Cruze com dados de segurança, produtividade e rotatividade para enxergar ROI.
Políticas e incentivos que sinalizam cuidado autêntico:
Check-up patrocinado com liberação de jornada e meta de adesão por equipe.
Telemedicina para orientação rápida, sem substituir avaliação presencial quando indicada.
Programas de atividade física e nutrição alinhados às condições reais de obra, com metas factíveis.
Rodas de conversa com especialistas para tirar dúvidas sem constrangimento, incluindo saúde sexual e reprodutiva.
Campanhas educativas contínuas, com comunicação segmentada por idade e função.
Canais de apoio e confidencialidade para saúde mental, com encaminhamento clínico estruturado.
Parcerias com instituições de referência para protocolos baseados em evidência.
Por que isso tudo é estratégico, e não “custo extra”
Num setor que emprega base majoritariamente masculina, ignorar a agenda de saúde do homem é abrir mão de produtividade, longevidade de carreira e retenção. Prevenção reduz sinistros, estabiliza equipes e fortalece a marca empregadora. E quando olhamos o retrato demográfico da construção, com participação feminina formal ainda em 9,2% e iniciativas crescentes para ampliar a presença de mulheres, fica claro que saúde do homem e inclusão feminina são agendas complementares: equipes saudáveis e diversas entregam melhor e permanecem mais.
O LigaJobs estrutura programas de saúde e bem-estar orientados a dados para empresas da construção, do diagnóstico ao acompanhamento. Mapeamos perfis de risco, desenhamos políticas e incentivos, capacitamos lideranças, implementamos pesquisas de clima e métricas de saúde e conectamos parceiros assistenciais para viabilizar check-ups, campanhas e apoio psicossocial.
A lógica é simples: transformar novembro em começo de uma gestão de saúde perene, com indicadores claros e impacto real.
Novembro Azul é ponto de partida. Para o nosso setor, com sua base de trabalho majoritariamente masculina, é também um compromisso anual de responsabilidade com quem faz as obras acontecerem.