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Nem todo mundo pode trabalhar de casa — e é aí que o debate do home office fica interessante

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    Blog do Jobs
  • há 21 minutos
  • 2 min de leitura

Enquanto o mundo corporativo se divide entre voltar ou não aos escritórios, a construção civil observa tudo de um ângulo diferente — aquele em que parte do trabalho se faz no campo e a outra, em frente à tela. Mas será que o modelo híbrido é mesmo uma possibilidade real para o setor?

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A pandemia mudou a relação com o trabalho de um jeito que ninguém previa. Reuniões migraram para o Zoom, projetos começaram a ser discutidos por videochamada e até vistorias de obra passaram a ser feitas com drones e câmeras 360°. O que parecia impossível — coordenar uma construção à distância — se tornou viável em muitas etapas. Mas, ao mesmo tempo, o home office também revelou o quanto a construção civil é um setor feito de presença.


Nos últimos anos, a volta dos escritórios vem crescendo silenciosamente. Em São Paulo, por exemplo, a taxa de vacância dos prédios comerciais chegou ao menor nível em cinco anos, segundo a Cushman & Wakefield. As empresas voltaram. E voltaram diferentes: escritórios menores, mais tecnológicos, com áreas colaborativas e propósito bem definido. No entanto, no setor da construção, a equação é mais complexa.


Enquanto engenheiros, arquitetos e equipes administrativas conseguem adaptar parte da rotina ao modelo híbrido, profissionais de campo — mestres de obra, técnicos, operários — nunca tiveram essa opção. O canteiro continua exigindo presença física, acompanhamento diário, olho clínico. Isso cria um contraste interessante: dentro do mesmo setor, convivem dois mundos de trabalho completamente diferentes.


Há quem defenda o home office como símbolo de modernidade, produtividade e equilíbrio de vida. De fato, ele trouxe ganhos inegáveis: redução de deslocamento, mais foco em tarefas estratégicas, economia para empresas e melhor qualidade de vida para alguns profissionais. Para muitos cargos técnicos e de gestão, o modelo híbrido se mostrou mais eficiente do que o antigo “bater ponto” no escritório.


Mas há também o outro lado — aquele que só quem lidera equipes da construção entende. A distância nem sempre combina com cultura organizacional. Comunicação se perde, vínculos se enfraquecem, e a sensação de pertencimento se dilui com o tempo. Em um setor que depende tanto de colaboração entre áreas (projeto, execução, comercial, compras, RH), a ausência de convivência pode afetar não apenas a produtividade, mas também a confiança e a inovação.


O desafio das empresas da construção civil não é escolher entre home office ou presencial. É encontrar o ponto de equilíbrio. É entender quais áreas ganham com a flexibilidade e quais perdem quando o contato se rompe. É possível que a resposta esteja no modelo híbrido inteligente: aquele em que a tecnologia não substitui o encontro, mas o aprimora.


A verdade é que o home office não é vilão, nem solução mágica. Ele é apenas um reflexo de como o trabalho vem se transformando. O setor da construção, historicamente resistente a mudanças, começa a entender que gestão de pessoas não se faz só com crachá — se faz com propósito, autonomia e confiança.


E talvez essa seja a lição mais importante: mais do que escolher onde trabalhar, as empresas precisam decidir como querem se relacionar com as pessoas que constroem seus resultados.

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