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Quando o mundo corporativo muda de rota: o fim da era 100% remota e o que isso sinaliza para a construção civil

  • Foto do escritor: Blog do Jobs
    Blog do Jobs
  • 19 de nov.
  • 4 min de leitura

Grandes empresas tech estão revisando suas estratégias de trabalho remoto. Mas esse movimento não é isolado e já impacta setores como a construção civil, que enfrenta desafios próprios de produtividade, cultura e retenção. Entenda o que está por trás dessa virada e o que isso significa para quem lidera times no setor.

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A decisão do Nubank de encerrar o modelo 100% remoto e exigir presença física duas vezes por semana marcou um ponto de virada no debate sobre o futuro do trabalho. A fintech, símbolo global de flexibilidade e cultura moderna, ajustou a rota ao constatar algo que outras gigantes como Google, Amazon e JPMorgan já haviam percebido: o home office total funciona, mas não para todas as empresas, nem para todas as etapas de crescimento.


Segundo a Fundação Dom Cabral, apenas 5% das vagas anunciadas em 2024 eram 100% remotas. No mesmo período, as contratações presenciais subiram de 55,4 mil para 87,1 mil entre abril de 2023 e abril de 2024. Estamos vendo uma curva clara de retomada da presencialidade no mundo inteiro.


Essa mudança não nasce de nostalgia do escritório, mas de métricas. Nas pesquisas de 2024, empresas reportaram queda na velocidade de inovação, enfraquecimento da cultura organizacional e dificuldades no desenvolvimento de novos colaboradores quando adotaram o remoto total por longos períodos. A famosa conversa de corredor, que parece banal, muitas vezes remove fricções e acelera entregas.


Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho brasileiro registrou um recorde de 8,5 milhões de pedidos de demissão em 2024. Entre os motivos mais citados estava justamente a obrigatoriedade de retorno integral ao escritório. Flexibilidade deixou de ser um benefício e virou critério de escolha.


Ou seja, estamos diante de uma equação complexa que líderes do Brasil inteiro precisam resolver: produtividade, cultura e pertencimento de um lado, autonomia e qualidade de vida do outro.


O híbrido surge como meio-termo estratégico

Enquanto algumas gigantes globais endureceram políticas presenciais, o Brasil tende a apostar mais no híbrido. Itaú Unibanco, Ambev e Petrobras ajustaram seus modelos, cada um à sua maneira, em busca do equilíbrio entre performance e qualidade de vida.


Por trás dessa decisão está uma premissa pragmática: o híbrido reduz a perda de interação crítica, evita o risco de isolamento que prejudica times juniores e ainda mantém boa parte da autonomia conquistada no pós-pandemia.


Esse mesmo movimento pode ser observado em setores historicamente mais tradicionais, mas que estão cada vez mais sensíveis à guerra por talentos. E aqui chegamos no nosso ponto central.


O que tudo isso tem a ver com a construção civil?

A construção civil sempre teve uma relação diferente com o tema, porque grande parte das atividades depende da presença física no canteiro. Ainda assim, áreas administrativas, engenharia, projetos, planejamento e RH passaram a operar parcialmente em modelo remoto entre 2020 e 2023.


O setor vive hoje um dilema parecido ao das big techs, porém adaptado às suas particularidades.


Alguns pontos críticos:


  • Produtividade e comunicação entre campo e escritório: equipes híbridas exigem sincronia. Quando o distanciamento se prolonga, falhas de alinhamento começam a impactar prazos e custos.

  • Integração de novos engenheiros e técnicos: o aprendizado no setor é fortemente prático. A ausência de convivência reduz o ritmo de desenvolvimento.

  • Cultura e segurança: empresas de construção dependem de rituais coletivos que reforçam comportamento seguro, troca de experiências e responsabilidade compartilhada.

  • Retenção de talentos administrativos: profissionais das áreas de planejamento, suprimentos, projetos e RH já disputam vagas com outros setores. Se perderem flexibilidade, migram.


O mais interessante é que, mesmo com essas restrições, empresas de construção civil têm adotado modelos híbridos inteligentes, especialmente para administrativos e áreas corporativas. É uma tendência que ganha força porque atende tanto à necessidade de comando e controle no canteiro quanto às expectativas de talentos qualificados.


Cenário atual e projeções

  • A CBIC identificou que mais de 40% das construtoras brasileiras oferecem algum nível de flexibilidade em áreas não operacionais desde 2023.

  • Empresas que adotaram modelos híbridos estruturados reportaram redução de até 18% no turnover administrativo.

  • O setor projeta aumento de produtividade até 2026 impulsionado por BIM, integração digital e equipes híbridas mais maduras, segundo relatório da Deloitte para construção e infraestrutura.


Ou seja: ao contrário do senso comum, o híbrido pode ser um aliado da construção civil quando bem implementado, desde que conectado ao operacional.


E o que isso tudo significa para líderes de RH e gestores da construção?

Significa que o futuro do trabalho na construção não será 100% remoto e provavelmente nunca será. Mas também não será 100% presencial para todas as áreas.


O desafio estratégico está em desenhar um modelo que respeite:

  • a natureza prática do setor;

  • as necessidades reais de produtividade;

  • a retenção de profissionais qualificados;

  • e a cultura de segurança que sustenta qualquer operação.


As empresas que entenderem essa equação sairão na frente nos próximos anos.


O mundo corporativo está corrigindo rota. Agora é a vez da construção civil decidir como quer crescer: replicando modelos antigos ou desenhando um modelo de trabalho que fortaleça pessoas, cultura e resultados. A pergunta é simples e estratégica: qual escolha sua empresa fará para não perder talentos nem eficiência nos próximos anos?

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