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Saúde mental no trabalho: quando o peso é invisível, mas real

  • Foto do escritor: Blog do Jobs
    Blog do Jobs
  • 10 de set.
  • 3 min de leitura

Setembro é um mês de luz sobre um tema que por muito tempo viveu nas sombras: a saúde mental. Mas a verdade é que a urgência do cuidado vai muito além da cor da campanha. Está nos números, nas ausências silenciosas, nos pedidos de desligamento e no rendimento que vai se apagando aos poucos.


Saúde mental na construção civil

No mundo, os alertas não param de soar.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão e cerca de 1 em cada 5 adultos no mundo sofre com algum transtorno mental. A Organização Internacional do Trabalho estima que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente por causas relacionadas à saúde mental, gerando prejuízos econômicos superiores a US$ 1 trilhão por ano.


E no Brasil, o cenário é ainda mais sensível.

Somos o segundo país com maior prevalência de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão, de acordo com a OMS. Nos últimos anos, os afastamentos por transtornos mentais cresceram 30%, e a cada 10 afastamentos no INSS, 2 já estão ligados à saúde mental.


O ambiente de trabalho é, muitas vezes, o epicentro do problema.

Cobranças excessivas, metas inatingíveis, jornadas longas, assédio moral, insegurança no emprego e falta de reconhecimento criam um terreno fértil para o adoecimento emocional. Quando o trabalho passa a ser fonte de sofrimento — e não de realização — o colapso é uma questão de tempo.


E na construção civil?

No setor da construção, onde o ritmo é intenso, o ambiente é desafiador e os riscos físicos são evidentes, os riscos emocionais muitas vezes passam despercebidos.


É um setor historicamente marcado por:

  • Cultura de resistência e pouca abertura ao diálogo emocional

  • Baixo estímulo à escuta ativa por parte da liderança

  • Pouca valorização de pausas, folgas ou jornadas sustentáveis

  • Falta de espaços seguros para acolhimento de vulnerabilidades

  • Casos frequentes de assédio moral ou relações hierárquicas tóxicas


Tudo isso afeta diretamente o clima organizacional, a produtividade, a segurança e a permanência dos profissionais no setor.

E não é exagero: transtornos mentais e comportamentais estão entre as principais causas de afastamento nas empresas da construção — e o número segue crescendo silenciosamente.


A saúde mental agora é questão de norma

Em 2025, a Norma Regulamentadora 1 (NR-1) passou por atualizações significativas.

Entre as mudanças, o destaque está na inclusão dos “riscos psicossociais” como itens obrigatórios na análise de risco ocupacional.


Na prática, isso significa que as empresas do setor da construção agora precisam identificar, avaliar e prevenir situações que possam comprometer a saúde mental dos colaboradores, tais como:

  • Pressões excessivas

  • Relacionamentos interpessoais abusivos

  • Cargas horárias desumanas

  • Estresse crônico

  • Falta de reconhecimento


Ou seja, a legislação passou a enxergar o que o corpo técnico demorou a verbalizar: que não se trata apenas de EPI ou perícia técnica, se trata de pessoas.


Uma pergunta que não pode mais ser ignorada

Você conhece o clima emocional da sua equipe?

Sabe o que anda “pesando” nos ombros de quem trabalha com você?

Já parou para pensar que o cansaço pode não ser físico, mas emocional?


A construção civil sempre foi feita de estruturas fortes. Mas nenhuma estrutura resiste se for construída sobre o adoecimento.

E talvez, o maior diferencial de uma empresa hoje não esteja nas máquinas mais potentes, nos métodos mais modernos ou nos contratos mais valiosos.

Está na coragem de olhar para dentro, ouvir de verdade e construir um ambiente onde ninguém precise adoecer para dar conta.

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